Conhecemos muito pouco sobre quem somos. O que sabemos é uma gota no oceano inesgotável que é o conhecimento. Dentro de cada um de nós, existe alguém que por natureza quer ser feliz, ultrapassar obstáculos, saltar barreiras, correr... percorrer o mundo, atravessar vales e montanhas à procura da linha da meta com o desejo de sentir a textura daquela fita que o corpo derruba... Esse alguém muitas vezes não chega a viver..O desejo de erguer os braços e de dizer: "consegui!" é enorme.. Mas às vezes é somente isto...pensamentos, desejos que nos acompanham a vida inteira...
Todos nós criamos os nossos monstros, os nossos medos, os nossos pensamentos mutiladores. E esses ficam muitas vezes durante anos a fio a assombrar o nosso viver. O mal é viver demasiado o passado, mas quando este está mal resolvido é impossível deixá-lo para trás. Chega uma altura em que sentimos necessidade de reencontrar os porões do passado, abrir algumas feridas que nunca tinham cicatrizado e enfrentar os fantasmas que não tinham morrido. Esta é normalmente uma caminhada solitária porque raramente encontramos pessoas dispostas a partilhá-los... Mas quando encontramos um amigo disposto a ouvir, a partilhar, principalmente disposto a ajudar a combater os monstros, então acontecem os momentos indescritíveis.
Como se explica a cumplicidade? Ou a confiança? Fruto do tempo? Não, cada vez mais o mundo revela que não... O tempo cada vez mais remete para a desilusão, punhaladas nas costas, indiferença... Momentos únicos sim, a confiança vinda quase do nada, o carinho, a força e a compreensão ajudam-nos a travar lutas com o passado e a preparar algumas eventuais que poderão surgir no futuro. Aquele rosto nunca antes visto, aquele apoio nunca antes sentido, aquele abraço tão forte, tao apertado, tão real, tão longe e tão perto ao mesmo tempo...
Abrir o coração, partilhar momentos, libertar os fantasmas do passado é dar uma segunda hipotese, é ganhar espaço para que outros sentimentos ocupem o coração. É permitirmo-nos ser livres, vivenciar novas experiências, reconstruir... Ousemos abrir sempre o coração, partilha-lo com alguém, e reiniciar o caminho com o sentimento de liberdade...
Cátia e Patrícia